domingo, 18 de novembro de 2012

Metafísica


Campos de Higgs, de Consciência

e de Futebol: Elocubrações



Primeira dimensão: para mim a primeira dimensão é o tempo, pois nada pode existir fora do tempo. O big bang aciona o cronômetro universal. Apenas concebendo a existência do tempo podemos conceber a expansão à velocidade da luz que gera o espaço.
A primeira manifestação da consciência, ao acordarmos no útero ou, todos os dias, na cama, é a consciência do tempo, ainda com olhos fechados. É a consciência do "eu sou agora"; tanto que a pergunta que nos vem à mente quando essa consciência desperta é "que horas são?" É a serotonina instilada pela claridade ambiente que nos estimula essa primeira consciência, avisando que o dia já está nascendo. Damo-nos à luz ao deixar o útero ou o leito.
E no futebol? Não existe jogo, nem vida, nem campo, nem jogadores e nem bola enquanto o juiz não apita o início da partida, acionando seu cronômetro. Quando apita, está valendo: a bola é o agora e o aqui. Agora já existe um aqui: o centro do campo.

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 Segunda dimensão: é a primeira dimensão do espaço. O fóton e outras dezenas de partículas de energia estão se afastando do ponto original do big bang, em todas as direções da esfera, mas sempre para a frente. Para frente e para trás é a primeira dimensão do espaço. É justamente o movimento para a frente das partículas e a resistência do campo de Higgs, que contém partículas que já se adensaram, os bósons de Higgs, que dá início à matéria. Forças opostas colidem, forças pra frente, forças pra trás. É na primeira dimensão do espaço (a profundidade) que surge a matéria.
No plano da consciência, a segunda dimensão é desejo versus medo. Consciência instintiva ou animal. Desejo de seguir em frente, de buscar o que preciso, aquilo que está lá na frente; versus o medo de enfrentar o desconhecido, o medo de abandonar o útero ou de sair da cama e enfrentar o mundo hostil. Psicanaliticamente, Eros (desejo de viver, amor) versus Thanatos (desejo de morrer, "hoje não saio dessa cama pra nada").
Começa o jogo da sua vida: a bola está no centro, seus jogadores chutam e correm com ela pra frente, para onde está a meta. É o desejo de fazer o gol que os move para a frente, e o medo de sofrer o gol que os deixa plantados atrás, ou os faz recuar. Retranca, antifutebol, quem não faz toma.
A terceira e a quarta dimensão, ou segunda e terceira dimensões do espaço, surgem ao mesmo tempo: largura (lateralidade) e altura. A matéria primordial infinitesimal colidindo  consigo mesma altera a direção linear do movimento original, resultando nas três dimensões do espaço.
A terceira dimensão da consciência é a consciência ou ignorância horizontal: o desconhecido se torna conhecido quando olhamos para os lados: Onde estou? Qual o melhor caminho? Quem mais está aqui além de mim? É a consciência ambiental e social: do mundo bidimensional onde caminhamos, da terra, dos pontos cardeais, dos limites geográficos, dos semelhantes que conosco coabitam esse chão. Sou humano, sou brasileiro. Psicanaliticamente, ego (eu sou) versus superego (outros também são, outros me limitam).
No futebolístico jogo da vida não estou sozinho, posso passar a bola, posso inverter a jogada, usar as laterais. Não adianta ser fominha, tenho de seguir a tática que o técnico passou. Tenho consciência do esquema tático que se desenrola no campo bidimensional. Bola fora, lateral, escanteio, bola pro mato que o jogo é de campeonato.
A quarta dimensão da consciência é a consciência vertical: olho pra cima e vejo as estrelas, vejo a imensidão, vejo deuses. Tudo é relativo, sou enorme para o ácaro que devora minha pele, sou um grão de areia para o cosmos de quatro e outras mais dimensões, ainda desconhecidas pela ciência e pela mente. É a consciência espiritual.
No futebol da vida, salto mais alto, cabeceio, acredito, verticalizo. Tenho consciência do estádio todo: jogo pra torcida. Ou me deixo cair à toa, faço manha e firula, isolo a bola na arquibancada. Perde-se um jogo, mas ganha-se o campeonato. Bola pra frente que atrás vem gente.